Mais do que nunca precisamos da colaboração das famílias de nossos alunos para que as atividades remotas sejam realizadas. No entanto, desde sempre, houve a necessidade de inserir as famílias nessas aprendizagens escolares, seja para auxiliarem nas tarefas de casa, para organizarem materiais a serem trazidos e para propor um melhor desenvolvimento de cada criança. Pensando nisso, e em como essa tarefa é difícil, refleti sobre algumas estratégias que deram certo em minha sala de aula e em outras. Espero que alguma dessas possam ajudá-los a trazerem as famílias mais para o lado do professor.
Refletindo sobre estratégias para inserir as famílias na escola:
Faça parcerias e não acusações:
Como professora compreendo como nos cansa ter que reforçar constantemente a importância da família se preocupar com os próprios filhos e como é frustrante quando parece que estamos falando para o vazio. Mas se a família já não está muito interessada e nós a atacarmos tentando demonstrar suas obrigações, daí sim que perdemos atenção dessa família.
Desse modo, a melhor estratégia é tentar trazer essa família com carinho, demonstrando o quando aquela ajuda é importante. Uma forma que tem funcionado para a maioria dos meus alunos é fazer falas direcionada ao pais e agradecimentos.
Por exemplo, na apostila enviada as crianças em cada atividade faço comentários de como os pais podem ajudar. Como: “Ajude a criança a realizar a contagem dos objetos e deixe-a escrever o numeral…” E em outros momentos da apostila acrescento como a ajuda será essencial para aquela criança: “Ajude na contagem, isso irá aumentar suas habilidades matemáticas essenciais para a próxima etapa…”
Para aquelas turmas em que é possível enviar vídeos feitos pela professora, envie além dos vídeos destinados ás crianças com as atividades, um vídeo rápido dedicado aos pais no qual irá explicar como deseja que esses pais ajudem em determinada atividade mais marcante e agradeça a ajuda.
Ao fazermos dos pais parceiros e não concorrentes eles tem mais boa vontade em nos ajudarmos. Assim, sempre agradeça e elogie a participação no grupo da turma (watts ou telegram). Por exemplo, ao enviarem uma foto, agradeça os pais pela ajuda e elogie o esforço. Pode ser apenas com figurinhas ou palavras de carinho (Que amor, amei! Linda a participação da família…). Isso fará com que outros pais também comecem a querer participar, seja para mostrar aos outros pais ou para a professora.
Quando nossos alunos são mais velhos e pouco há relação com os pais nos grupos da turma ou mesmo na realização das atividades de casa, organize rápidas reuniões ou textos destinados aos pais. Demonstrando como estes podem ajudar para que a aprendizagem dos filhos seja ainda melhor.
Parceria é algo que conquistamos com o tempo. Desde a primeira reunião no início do ano, eu já destaco aos pais como serão essenciais para o aprendizado do seu filho e que sem eles a escola não consegue fazer milagres. Claro, que sempre haverá familiares que não se importam, e não respondem ou não ajudam. Essa é uma questão familiar que talvez nós não conseguiremos alcançar, mas pelo menos trazemos para nosso lado a maioria.
O mais importante da parceria é evitar acusar os familiares (essa é sua obrigação…). Use estratégias mais inteligentes de cobrar com carinho (Com a ajuda da família poderemos desenvolver ainda mais a aprendizagem. Sabemos como vocês estão sobrecarregados, mas ao tirar um tempinho para ajudar seu filho vocês colheram frutos…). Sei como, ás vezes, isso é difícil, mas vamos tentar trazer esses pais para nosso lado e não os afastar.
Explique os objetivos da tarefa:
Percebo que o quê mais faz os pais se esforçarem e participarem das aprendizagens dos seus filhos é quando eles compreendem por que devem fazer aquela atividade. Ou seja, o quê a professora espera com aquilo ou o quê aquilo irá ajudar em um conhecimento futuro.
Principalmente na Ed. Infantil e nos anos de Alfabetização costuma ser difícil ter o apoio dos familiares na realização de atividades lúdicas, pois pensam ser “apenas brincar” ou mesmo que os familiares realizem as pinturas, desenhos e escritas para que as tarefas sejam entregues de modo perfeito.
Desse modo, ao fazer um vídeo sobre uma brincadeira ou mesmo ao colocá-la na apostila, faça pelo menos uma frase explicando o quê deseja alcançar com aquela atividade. Por exemplo, essa brincadeira irá desenvolver a força motora que será necessário para a criança segurar o lápis mais adiante. Ou, realizar a pintura do desenho é importante para trabalhar os limites de linhas e controle muscular… Quando os pais compreendem que há objetivos por trás de cada atividade, eles percebem a importância em auxiliar. Ao invés de pensarem que o professor não “faz nada, pois só manda coisa pra pintar e brincadeiras”.
Ao explicarmos os objetivos conseguimos salientar a importância de permitir que a criança faça a atividade como conseguir, pois os professores não estão buscando desenhos e escritas perfeitas e sim observa o desenvolvimento das crianças. Para aqueles pais ou irmãos mais velhos que sempre fazem as atividades pela criança, faça um conversa informal, demonstrando que sabe que o quê tem sido entregue não foi feito pela criança. Mas sem acusação, e sim dizendo que compreende que os pais desejam que seus filhos apresentem o material de forma caprichada, e reforce com esses pais que a criança só irá aprender com seus erros e que no começo fará de forma não tão correta, mas depois irá evoluir. É importante mostrar para esses familiares que a aprendizagem é algo gradual.
Ajude a organizarem uma rotina:
Temos prazos para entregas de atividades ou mesmo horários em que aulas online são ministradas. Então ajude esses pais a montarem uma rotina. Traga tarefas para os pais montarem planilhas de horários e que ajudem as criança a organizarem cantinhos para os estudos. Seja em tempos de aulas remotas ou quando precisarem estudar os conteúdos dados na escola.
Faça um encontro virtual ou entregue através de texto a tarefa dos pais fazerem a rotina. Se eles escolherem os horários e se organizarem de modo mais adequado para a realidade daquela família, tem mais chance de que a participação se mantenha.
Essa estratégia é principalmente importante para alunos mais velhos, em que os pais saem para o trabalho. Pois se tiverem um tempo reservado para ajudar o filho, que seja durante 30 minutos depois do jantar, isso já vai criando a responsabilidade e parceria com as famílias. Nem que seja, apenas um tempo para esses pais irem ao grupo da turma para verem recados ou conferirem se as crianças realizaram as atividade e se precisam de ajuda em alguma.
Ser parceiro não é aceitar desrespeito:
O professor precisa ter claro quais os objetivos de cada atividade e quais teorias pedagógicas o guiam, pois é essencial que possamos orientar as famílias e responder suas dúvidas. Ao fazermos das famílias nossas parceiras iremos trazendo essas pessoas para dentro do conhecimento pedagógico. Ou seja, devemos ser capazes de responder com educação quando um familiar vier nos questionar sobre nosso trabalho.
Não podemos deixar que esses familiares interfiram em nosso planejamento. Por exemplo, aquelas pessoas que vem dizer que precisamos dar mais pontilhados… ou que aquela atividade estava difícil, fácil ou inadequada… Para esses pais, precisamos mostrar que sabemos o quê estamos planejando. Então, quando acontece algo assim com minha turma, eu chamo essa pessoa e explico os objetivos da atividade e como aquilo está relacionado a teoria/currículo da escola. Se forem pais insistentes, mostro até documentos oficiais, como a BNCC.
Faça isso com educação, e não algo como: Eu sou a professora e eu sei… Pois isso afasta os pais, eles tem dúvidas. Eles foram ensinados de uma modo, eles recebem notícias de diversas fontes não confiáveis que os faz duvidar do professor. Então, traga essa família para o seu lado.
Ao mostrar que você tem o conhecimento do quê está fazendo e que só deseja o melhor para a criança, esses pais ficam tranquilo. E aproveite para acalmá-los que se o filho não está conseguindo ainda, isso é um processo e logo irá conseguir. E proponha novas formas que esses pais podem ajudar, como sugerir que façam atividades extras (coisas simples que eles mesmo possam procurar na internet, pois não é justo com o professor ganhar por um planejamento e ter que fazer mais vinte, só por que os pais estão inseguros).
Bem, são apenas algumas estratégias para lidar com as famílias, que espero que ajude os professores a aumentarem a participação das famílias nas aprendizagens escolares. E não se culpem se nem todas as famílias estiverem presentes, pois somos professores e não salvadores do mundo. Se após várias tentativas de inserir essas famílias, nada surtir efeito, invista na criança encontrando formas de ajudá-la a ser mais independente na realização de suas tarefas, mesmo sem os pais. (Mais dicas para manejo em sala de aulas em nossos e-book, AQUI)
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Ideias lúdicas para fazer com a família na escola que pode ajudar nesse processo de participação:
Abraços, Shana Conzatti