Planejamento flexível

Todo professor interessado na qualidade da educação passa várias horas organizando seu planejamento diário e semanal. Nós buscamos atividades e assuntos na internet e em livros com intenção de tornar nossas aulas maravilhosas. Planejamos atividade por atividade nos mínimos detalhes com as melhores das intenções, mas e o tal do planejamento flexível? Onde se encaixa? É mesmo necessário pensar sobre isso?

Eu afirmo categoricamente que sim. Principalmente, agora, que a BNCC nos propõem uma aprendizagem integrada e na qual a criança é protagonista. Vou exemplificar algumas situações que aconteceram comigo, nesses mais de quinze anos em sala de aula. E depois conversaremos sobre esse tal planejamento flexível.

Situação 1:

Trago um jogo de regras super elaborado, com peças que passei o final de semana inteiro confeccionando para aquela aula específica. Chego em sala e percebo como a turma está agitada e sem concentração. Mas no meu planejamento está escrito: “jogo de mesa com regras”. Sigo o planejamento, afinal é para isso que ele serve. O resultado são crianças impacientes e que não aproveitam todas as possibilidades educativas do jogo. E eu frustrada pelo mau resultado.

Situação 2:

Para o planejamento do dia esta organizado uma atividade de exploração da natureza, e pra isso precisamos passar um logo tempo no pátio. Mas esta chovendo? O que fazer então? Qual atividade por no lugar que seja tão interessante como a anterior?

Situação 3:

No planejamento daquele dia esta escrito que faremos um jogo e atividades sobre cores. Estamos com tudo pronto para fazer a tal atividade. Então entra uma lagartixa na sala e as crianças ficam em alvoroça. E muitas curiosidades sobre o tal bicho começam a surgir. O que fazer? Tirar a lagartixa da sala e mandar que as crianças voltem para a atividade das cores, afinal esse é o planejamento. Ou deixar de lado o planejamento e sentar com as crianças para falarmos sobre a lagartixa, fazer desenhos sobre o bicho e levantar hipóteses que irão geral um novo projeto?

“O conhecimento científico, por exemplo, não deve ser repetido em classe exatamente do jeito como está nos livros. As informações precisam ser trabalhadas e preparadas para serem repassadas aos estudantes. E é elementar entender quem são esses estudantes. Por isso, enquanto se aprendem quem são eles e o que sabem, podem ocorrer desvios de rota” Yves Chevallard

São essas as grandes surpresas que fazem um planejamento flexível ser extremamente necessário, se nosso interesse é em uma educação significativa para nossos alunos.

Como fazer um planejamento flexível:

Ao escrever seu planejamento, deixe ao final da folha um espaço para completar com as possíveis mudanças de percursos que ocorreram. Assim você pode fazer uma avaliação diária do que funcionou ou o que precisou ser alterado de última hora.

Agora vamos as dicas de como tornar nosso planejamento flexível de forma fácil, sem complicações:

Semana Flexível:

Se você planejou algo para a segunda-feira, mas pela agitação das crianças ou questões climáticas essa atividade não terá o desempenho esperado, você tem a possibilidade de trocar pelo planejamento pré estabelecido para terça ou quarta. E depois fazer o de segunda na terça ou na quarta. Deste modo você tem possibilidades de andar entre seu planejamento, apenas alternando os dias, sem maiores complicações.

Para que isso dê certo é importante ter as atividades/jogos/ materiais necessários para a semana já separados. Organize-os para a semana toda ao invés de separá-los por dia.

Atividades na manga:

Tenha sempre em sua sala sequências didáticas com jogos e atividades interessantes que podem servir para qualquer momento. Como uma história separada, já com o planejamento de qual tipo de desenho será feito depois ou quais jogos podem completar essa planejamento.

Reserve esses pequenos planejamentos para aqueles momentos que por algum motivo o seu planejamento do dia não vai funcionar e não há a possibilidade de trocar pelo planejamento de outro dia. Por exemplo dias com muita chuva e que apenas algumas crianças venham para a escola, e não seja interessante dar continuidade ao planejamento pois terá que retomar isso quando todas as crianças estiverem presentes. Ou se de última hora te avisam que uma dentista, por exemplo, virá dar uma palestra para as crianças e isso irá interromper uma proposta mais elaborada que você tenha organizado para o dia. Ou  qualquer outra situação inusitada que possa surgir.

Aproveitar as oportunidades de novas aprendizagens:

Essa exige mais disponibilidade nossa em mandar para o alto o planejamento do dia ou da semana. Podemos reaproveitar esse planejamento em outro momento, mas não nesse. São as situações como quando uma lagartixa entra em cena, ou uma criança vem contando algo que se passou com ela e isso acaba por chamar atenção de toda a turma.

Aqui há duas possibilidades a serem feitas, que não seja apenas ignorar o que as crianças nos trazem para mantermos nosso planejamento.

  1. Fazer uma conversa rápida com as crianças sobre o assunto. Deixando que elas tragam suas dúvidas e hipóteses.  Após retornar a turma para a atividade anteriormente planejada. Ás vezes, o assunto é algo apenas de momento, e depois das crianças conversarem sobre este nem se precisa  um novo planejamento ou projeto em andamento.
  2. Jogar o planejamento do dia para outro momento e se voltar a criar com as crianças novas possibilidades sobre o assunto. Começando já a estruturar um projeto. Se tiver informática ou biblioteca na escola, pode-se levar as crianças até esses lugares para iniciarem uma pesquisa.

Vai depender de como nos sentimos em relação ao nosso planejamento para conseguirmos flexibilizá-lo. O  planejamento deviria ser uma ferramenta para facilitar nosso trabalho, e não uma prisão.

Dicas:

Compreendo que, muitas vezes, temos receio de modificar nosso planejamento, assim de modo tão impulsivo, principalmente se temos uma coordenação que dá “okays” nos nossos cadernos. Como explicar que o planejamento não foi feito?

Para isso é essencial, primeiro, que tenhamos claro em nossa mente o motivo de tal mudança. Assim será fácil explicar que a mudança foi em favor da aprendizagem das crianças. E Segundo, anote no caderno, naquele espaço vazio ao final do planejamento diário, as mudanças feitas e seus resultados.

Por exemplo: Atividade trocada pela de terça, pois as crianças não estavam suficientemente atentas para uma história…. Atividade não realizadas por que uma lagartixa entrou na sala e fomos pesquisar sobre o assunto, essa atividade será retomada em outro momento….

 

Dica extra:

 

Então como vocês se veem diante dessas situações? Conseguem flexibilizar seus planejamentos?

 

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Abraços, Shana Conzatti

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