tia ou professora

Tia ou professora? A constante dúvida na Educação Infantil

Ao se aproximar o dia do professor alguns questionamentos começaram a pipocar, em mim, sobre a prática educativa. Afinal na educação infantil somos tias ou professoras? Já trabalhei em ambos os contextos, em escolas que as crianças nos chamam de tias e nas que nos chamam de professoras.

Vamos, então, refletir sobre essa prática.

Tia ou professora?

As mães ao deixarem seus pequeninos aos nossos cuidados, precisam sentirem-se seguras que seus filhos serão amados. As questões de aprendizagem costumam ter um papel secundário em suas mentes. E deixar um filho com uma “tia” soa como uma garantia do amor necessário. Afinal as tias costumam ser amáveis e fazem tudo para seus sobrinhos.

Pessoalmente, ser chamada de tia já me inquietava desde os primeiros anos em sala de aula. E aos poucos fui compreendendo o motivo.

Não foram raras as situações em que, por ser nomeada como tia, crianças e pais confundiram meu papel em suas vidas. Era comum crianças perguntarem se eu iria visitá-las em suas casas, afinal eu era uma tia. Crianças que perguntavam no que eu trabalhava depois que saía da escola, afinal eu estava ali como sua tia apenas por amor.

Mães que trazem tesourinhas, para que as “tias” cortem as unhas das crianças. Questionamentos como: “mas dá pra fazer uma exceção, né tia? Só pro Fulano”. Afinal tias sempre cedem as vontades de seus sobrinhos, não é?

Mas devia ser assim? Somos mesmo tias? Essa é nossa função na educação infantil?

“a tarefa de ensinar” não deve transformar “a professora em tia de seus alunos da mesma forma como uma tia qualquer não se converte em professora de seus sobrinhos só por ser tia deles. Ensinar é profissão que envolve certa tarefa, certa militância, certa especificidade no seu cumprimento enquanto ser tia é viver uma relação de parentesco”. Paulo Freire

Parece algo sem importância. E você pode dizer que isso aconteceria mesmo se a criança nos chamasse de professora. Sim, em muitos casos acontece. Porém ao iniciarmos essa mudança de paradigma e informarmos aos pais e filhos que não somos tias e sim professoras, estamos aos poucos demonstrando que há diferenças fundamentais em ser uma coisa ou outra.

Pois ali diante daquela família não está uma tia e sim uma profissional, ou seja uma professora. E nós devemos mostrar as mães que iremos ser sim carinhosas, que iremos sim “cuidar”, mas que acima de tudo iremos proporcionar experiências de aprendizagem para seus filhos. E que as crianças nos chamarem de professoras, não é ser menos amável, é trazer à consciência o que realmente devemos representar na vida dessa criança.

A partir de minha experiência, quando pais e crianças reconhecem que somos professoras, suas relações diante da educação se modifica. Somos vistas como as profissionais, que somos, e pais se tornam nossos parceiros na educação do filho. Aprendem a confiar muito mais em nossas intervenções pedagógicas do que anteriormente.

Ser chamada de professora é o começo para valorizar nossa profissão, nossos constantes estudos para nos aprimorarmos e demonstrar nosso lugar de ensino-aprendizagem na sociedade.

Concordam? Discordam? Conte-nos sua experiência!

 

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Abraços, Shana Conzatti

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